sábado, 14 de novembro de 2009

Caetano, Lula e a verborréia



Caetano Veloso, cantor e compositor, ocupante de lugar cativo em meu coração desde que me entendo por gente, foi, no mínimo, infeliz em suas declarações ao jornal O Estado de S. Paulo (leia aqui). Claro que todos têm direito de manifestar apoio a este ou àquele candidato, mas daí a ofender gratuitamente o presidente da República, democraticamente eleito (e reeleito) só porque, ao contrário dos antecessores, não possui uma graduação (ou pós-graduação na Sorbonne de Paris), já é demais, até para Caetano.

A mim, e a mais de 80% da população do país, segundo pesquisa CNI/Ibope sobre a aprovação do presidente Lula, parece irrelevante que este não tenha o ensino superior. Superior, porém, parece ser a capacidade que o presidente tem de identificar os problemas do país e tentar, na medida do possível, solucioná-los. Talvez porque ele, em vez de passar anos debruçado sobre os livros, tenha percorrido todo o Brasil em sua “Caravana da Cidadania”, que teve início em 1993.

Não quero aqui santificar a figura do presidente, mas justiça seja feita, Lula fala a língua do povo que o elegeu. Não a da minoria que se julga elite, mas da maioria da população que, como ele, pouco estudou e não compreende o vocabulário pomposo de seus pseudos representantes. Não foi só ao Presidente Lula a quem Caetano ofendeu, mas a essas pessoas também. É certo que Lula estudou menos do que deveria, mas não é analfabeto. E se fosse? Desde quando analfabetismo é sinônimo de grosseria? Caetano, assim como Lula, as vezes fala demais. E, mostrando que boa escola não assegura elegância, foi grosseiro em suas declarações.

Gilberto Gil disse uma vez, quando ainda era ministro, que Caetano "não é Lula há muito tempo", não por uma questão racional mas, ainda segundo o então ministro, por uma questão de afeto.

Caetano deveria ouvir um pouco de Caetano, que tal "Calúnia"?

CALÚNIA
Composição: Marino Pinto / Caetano Veloso / Paulo Soledade
Quiseste ofuscar minha fama
E até jogar-me na lama
Só porque eu vivo a brilhar
Sim, mostraste ser invejoso
Viraste até mentiroso
Só para caluniar
Deixe a calúnia de lado
Se de fato és poeta
Deixe a calúnia de lado
Que ela a mim não afeta
Se me ofendes, tu serás ofendido
Pois quem com ferro fere
Com ferro será ferido
Quiseste ofuscar minha fama
E até jogar-me na lama
Só porque vivo a brilhar

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