Acho que desde a adolescência não escrevo em verso.
É de contar nos dedos de uma só mão quem os leu e, contrariando esse princípio, ei-lo aqui:
Vadiice
Nessa vida de mesmice
uma noite de sandice.
Um filme, que de tanta pedantice,
não teve quem assistisse.
Um, por pura teimosice e cheio de invencionice,
fez com que me divertisse.
Eu com minha abelhudice
enfiei-me na burguesice.
O que, de tanta garrulice, parecia até doidice,
mostrou-se pura brejeirice,
cheio de tagarelice.
Traquina, cheio de faceirice,
um se desculpou pela caipirice
quando o outro, na macaquice,
ensinou a rodopiar na ligeirice.
- Não é daqui, é de fora! - gabou-se da modernice.
Depois de tanta bebedice
e tanta filosofice,
tudo foi ficando uma chatice.
Pra não parecer casmurrice
me mantive na bonacheirice.
Só perdoem a sinceridade e a falta de cabulice,
mas se faz necessidade esclarecer que a fofice e galanice,
sem querer causar erice,
no fundo, no fundo,
não passa de canalhice!
A noite tem seus encantos e uma delas resultou nisso...